Silêncio da noite (Paradoxo)
- Eduardo Henrique da Silva
- 25 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
Entre poesias e canções que vejo por aí, vez ou outra aparece alguém que se encontrou com o SILÊNCIO DA NOITE. Acho meio paradoxal essa frase pois pra mim a noite é bem barulhenta e inclusive é no batuque dela que encoontro meu samba. E numa dessas, descorrendo isso,
que me veio...
Silêncio da noite (Paradoxo)
A mim nunca coube, o dito corriqueiro,
O SILÊNCIO DA NOITE
Pois só compreendo, madrugada adentro,
em tom barulhento. E é esse mesmo,
de alto que tine, quase sempre o sujeito.
Que me aperta o peito, por mais que rejeito,
a triste lembrança, e sem esperança,
é batuque que alcança.
E quando vi, deu samba.
Deu samba, do jeito que deu.
Se não é refinado, pro teu gosto apurado.
Sou eu o culpado?
Té samba embaralhado, pode ser ritmado.
Encontro meu gingado, no eco da noite,
de tão barulhento, não encontro intento,
que me valha rima, pra ela o silêncio.
No Verso e pandeiro, prosa e compasso,
o traço no laço. Corrijo, disfarço,
e trago meu relato, dos becos onde passo.
Entre riscos e amassos, meu
corpo tacanha, relata a façanha.
Eu nunca nem pisei nas rodas de bambas,
nem nunca fui treinado pra ouvido apurado.
Mas toco minha zabumba em noite forasteira,
e meu samba floreia.
E eu sigo nesse atrevimento,
e vou puxando o bloco,
dos sem saber dizendo.
Fácil me contradigo,
e errado que fosse,
eu nunca perco a pose.
E mesmo de terno rasgado,
me sinto aprumado.
Pois se conformado, já desenganado.
Foi verso de desesperado, em grito
da noite que tava engasgado,
em samba resgatado
E a noite trapaceira, me envolve em
sua teia, e mesmo até em dias,
que eu não devia, eu perco juízo.
Só que eu nem mais ligo,
No arrisco do risco, encontro meu vício.
Da rima atravessada, rima de noitada,
batucada adentro, comprova argumento,
que não vejo senso, quem encontra rima.
Da noite com silêncio.

Comentarios