Em meus piores pesadelos, eu me vi num conto de fadas, onde o ser místico é o tempo.
Estamos no reinado do nada e sua realesa é esaltada. E se nada é real, todos cultuamos e celebramos a virtualidade do que se mostra e diz, mas não se sabe se existe.
O profeta algorítmo e sua ceita invisível.
Eu lembro de um tempo,
de quando nem lembro.
Só lembro de que, sem
que tomasse tento,
feito andar no relento,
em passo apressado,
eu fui distraído,
escolhendo errado,
sem saber concreto,
o que era o certo.
Eu gostava do tempo,
de quando inocente,
tinha prioridade,
só em frivolidades.
E em total sapiência,
mesmo sem coerência,
permitindo influência,
cri na surrealidade,
de uma fálica e frágil,
suposta única verdade.
E eles até diziam,
não cometa o pecado,
de escutar pensamento,
pois não será desfrute,
comer o fruto amargo,
da árvore do conhecimento.
Sem saber que de fato,
o conhecer profundo,
te leva a consentir,
que gente nasceu feito,
em só fazer por onde,
um dia se extinguir.
Pois o passar do tempo,
é feito pingo de chuva,
você sente chegando,
mas quando viu já foi.
Portanto é de tento,
do histórico que temos,
não há contestação,
pra nós melhor pedido,
é de impugnação.
Como queriam então?
Em milésimo de tempo,
que o momento se faz
por concreto, e o destino
apresenta decreto.
Escolha ou renuncie!
Mesmo otimista, é
fato, que é grande a chance,
de sendo ser humano,
escolha sempre errado.
E provo argumento,
pois chegamos no tempo,
onde “o nada” estabeleceu reino.
E se nada é realeza, o profundo
perde o lugar na mesa.
Buscar saber é extinto,
pois ao nada melhor serviremos,
se todos se convencem,
que o conhecimento,
já não é mais preciso.
E percebo que tempo,
não foi gentil comigo,
pois mesmo acelerado,
permitiu-me atentado.
E mesmo distraído,
diante de absurdos,
olhei alguns segundos,
que me deram reparo,
no que tornou-se o mundo.
Pois acho que a real,
função do virtual,
é esquecer a tragédia,
fugir da realidade,
do mundo de verdade.
E mesmo que descrente,
todo dia, acordo indignado.
E clamo que o tempo,
que até já foi chamado,
senhor do destino.
Fosse tal divindade,
capaz de empatia,
e parasse seu tempo.
E Tempo que não anda,
não permite a cura,
pois é bem como dizem,
toda cura só vem,
com o passar do tempo.
Seria o fim dos tempos,
selado por si mesmo,
dá pior peste insana,
que assola esse mundo.
Que usou a vantagem,
único ser que pode,
se dar conta que tem,
razão que desenvolve.
Mas deixou o seu id,
nas mãos do seu ego,
que fez destruição,
ser sua voz da razão.
E destruir eu digo, em
todos os contextos.
Pois ser pior não tem,
que entende que deve,
por qual razão viesse,
passar a existência,
proclamando guerra,
entre sua própria espécie.
Mas embora não nos entenda,
nos conteste, nos questione.
E tantas vezes acerca de nós,
tenha um prospecto desenganado.
Ultimamente andei,
em exercício forçado,
entregando meus dias,
nas mãos dos otimistas.
Que acreditam que tudo,
um dia vai melhorar,
e tempo bom virá.
E nesse tempo sonhador,
que equalizo meu senso,
meu tempo tenta menos,
vislumbrar o amanhã,
e curte mais o momento.
Pois se em pensamento,
traduzo ser humano,
um ser fadado ao fracasso.
Meu coração tem desejo,
em ver que um dia o tempo,
se mostre onisciente,
e me prove que na vida,
andei conjecturando,
errado como sempre.
E dando a volta por cima,
de forma surpreendente,
o ser humano se encherga.
E abrindo os olhos permite,
que o amor que se proponha,
enfim encontre a porta aberta.
E como disse o poeta,
numa esquecida canção.
“Meu coração está com pressa,
nosso futuro recomeça. Venha,
que o que vem é perfeição.”
Comments