A fábula do burro falante, por coisas que li, posso estar enganado, conta a lição que apareceu na cidade um burro falante, mas ninguém deu bola para as coisas que o burro dizia, apenas estranharam um burro falante e sentiram medo e espanto. E ele dizia coisas que poderiam melhorar a vida das pessoas, e que elas talvez tivessem prestado atenção, se fosse falado por
pessoas, filósofos, poetas, pensadores, mestres e lideres, do estado e da religião.
Mas não, quem disse foi um burro.
A poesia que trago a seguir me fez lembrar do burro, pois na fábula, as pessoas assustadas com o burro falante o expulsaram para a floresta, pois ficaram com medo dele.
Essa semana, um menino de 2 anos se foi. Eu sinto que esse fato trágico vai mudar minha percepção da vida, e por consequência, alterar minha prosa e poesia. Mas sinto medo quando vejo o burro falante, e não quero aprender com sua fala, quero apenas expulsa-lo pra floresta.
Ps. Essa situação inusitada causou o efeito da maior sinopse que fiz até hoje. Necessária.
O Burro falante
Por conta do ser humano,
falho e assumidamente errante que sou.
Compreendo e até conjecturo,
o egoísmo de minhas lamúrias,
até aqui e no porvir.
Em vários pontos, casos, vidas
e contextos, eu posso e sempre fiz,
a reflexão que sofro, reclamo,
mas logo entendo, errante mas
pensante que me proponho.
Entendo que posso estar melhor
que outras/os, por esse mundão
a fora, de quartos de despejos,
e gente esganada, mediante
ao giro que parece eterno,
da famigerada roda viva.
Por vezes pauto a empatia,
por outras peno em agonia.
advindas do meu olhar,
que só vê meu umbigo.
Mas essa semana um fato,
isolado, fez meu coração
colocar em cheque, até a
razão de significância,
do que é chorar, e sofrer.
Quando um nenêm
de 2 anos desmaterializa,
diante da mãe, pai e irmãzinha,
e seus familiares e amigos.
Nenhuma outra dor faz sentido,
Tudo vira mistério incompreensível.
Eu questiono as crenças e a ciência.
E de forma hipócrita, mas desesperada,
clamo a Deus. Reconheço a pequenês da
impossibilidade científica, e num lampejo
de fé, peço ao Divino que numa ação
de milagre devolva a criança o sopro,
e se tem que ir alguém, me leva.
já errei na minha chance.
Não que eu sou altruista,
nem tenho vocação a martir.
Mas lembrando as tantas vezes que
não quis mais viver, que até desejei
a famigerada ao meu encontro,
até cheguei a chama-la de amada.
Hoje me entendo esse "EU SER"
limitado e fadado ao fracasso.
Não há razão cientifica no mundo
que explique a partida do menino
Martin, portador da alcunha de
um lutador da igualdade que por
razão da luta que travou pelos seus,
encurtou seu caminho.
Menino Martin não teve a chance
de querer, e de sonhar um caminho.
Essa semana invejei os esperançosos,
com todas as minhas forças,
quis voltar a ser um deles.
Pois neles estiveram e foram
formados os melhores cenários,
confortos, conselhos e carinhos,
que esse fraco cético e agnóstico
não consegue mais oferecer,
mesmo que se esforce,
será sempre o poeta fingidor.
Essa semana desejei voltar a
antes do barro nos olhos,
quando fui curado da cegueira.
E tomei nota no meu caderninho.
Queria que alguém, mesmo invisível,
me tivesse dito, pelo menos uma vez.
Cuidado com o que deseja Rapaz.
A vida não vem com manual,
mas pôxa, deveria.
Se acaso viesse, a razão e escolhas,
as providências e/ou destino.
Evitariam o trágico acontecido.
E eu, ser humano que apenas,
me achando moderno, porém não,
tal como na era medieval,
assustado, ao ver um burro falante.
Ao invés de tentar entender seus
conselhos, o expulsei para floresta.
Risco hoje do meu dicionário,
a palavra convicção, pois
aprendi que ela é bomba
atômica para qualquer vida.
Sabe o que é mais loco?
Escrevi esse poema no instinto
da dor, e já li algumas vezes,
e ainda não entendi direito
o que eu quis dizer.
Enfim...
...Mesmo sendo minha poesia.
Taí eu, com medo do burro falante
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