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Foto do escritorEduardo Henrique da Silva

O burro falante

A fábula do burro falante, por coisas que li, posso estar enganado, conta a lição que apareceu na cidade um burro falante, mas ninguém deu bola para as coisas que o burro dizia, apenas estranharam um burro falante e sentiram medo e espanto. E ele dizia coisas que poderiam melhorar a vida das pessoas, e que elas talvez tivessem prestado atenção, se fosse falado por

pessoas, filósofos, poetas, pensadores, mestres e lideres, do estado e da religião.

Mas não, quem disse foi um burro.


A poesia que trago a seguir me fez lembrar do burro, pois na fábula, as pessoas assustadas com o burro falante o expulsaram para a floresta, pois ficaram com medo dele.


Essa semana, um menino de 2 anos se foi. Eu sinto que esse fato trágico vai mudar minha percepção da vida, e por consequência, alterar minha prosa e poesia. Mas sinto medo quando vejo o burro falante, e não quero aprender com sua fala, quero apenas expulsa-lo pra floresta.


Ps. Essa situação inusitada causou o efeito da maior sinopse que fiz até hoje. Necessária.


O Burro falante


Por conta do ser humano,

falho e assumidamente errante que sou.

Compreendo e até conjecturo,

o egoísmo de minhas lamúrias,

até aqui e no porvir.


Em vários pontos, casos, vidas

e contextos, eu posso e sempre fiz,

a reflexão que sofro, reclamo,

mas logo entendo, errante mas

pensante que me proponho.


Entendo que posso estar melhor

que outras/os, por esse mundão

a fora, de quartos de despejos,

e gente esganada, mediante

ao giro que parece eterno,

da famigerada roda viva.


Por vezes pauto a empatia,

por outras peno em agonia.

advindas do meu olhar,

que só vê meu umbigo.


Mas essa semana um fato,

isolado, fez meu coração

colocar em cheque, até a

razão de significância,

do que é chorar, e sofrer.


Quando um nenêm

de 2 anos desmaterializa,

diante da mãe, pai e irmãzinha,

e seus familiares e amigos.


Nenhuma outra dor faz sentido,

Tudo vira mistério incompreensível.


Eu questiono as crenças e a ciência.

E de forma hipócrita, mas desesperada,

clamo a Deus. Reconheço a pequenês da

impossibilidade científica, e num lampejo

de fé, peço ao Divino que numa ação

de milagre devolva a criança o sopro,

e se tem que ir alguém, me leva.

já errei na minha chance.


Não que eu sou altruista,

nem tenho vocação a martir.


Mas lembrando as tantas vezes que

não quis mais viver, que até desejei

a famigerada ao meu encontro,

até cheguei a chama-la de amada.


Hoje me entendo esse "EU SER"

limitado e fadado ao fracasso.


Não há razão cientifica no mundo

que explique a partida do menino

Martin, portador da alcunha de

um lutador da igualdade que por

razão da luta que travou pelos seus,

encurtou seu caminho.


Menino Martin não teve a chance

de querer, e de sonhar um caminho.


Essa semana invejei os esperançosos,

com todas as minhas forças,

quis voltar a ser um deles.

Pois neles estiveram e foram

formados os melhores cenários,

confortos, conselhos e carinhos,

que esse fraco cético e agnóstico

não consegue mais oferecer,

mesmo que se esforce,

será sempre o poeta fingidor.


Essa semana desejei voltar a

antes do barro nos olhos,

quando fui curado da cegueira.


E tomei nota no meu caderninho.

Queria que alguém, mesmo invisível,

me tivesse dito, pelo menos uma vez.


Cuidado com o que deseja Rapaz.


A vida não vem com manual,

mas pôxa, deveria.


Se acaso viesse, a razão e escolhas,

as providências e/ou destino.

Evitariam o trágico acontecido.


E eu, ser humano que apenas,

me achando moderno, porém não,

tal como na era medieval,

assustado, ao ver um burro falante.


Ao invés de tentar entender seus

conselhos, o expulsei para floresta.


Risco hoje do meu dicionário,

a palavra convicção, pois

aprendi que ela é bomba

atômica para qualquer vida.


Sabe o que é mais loco?


Escrevi esse poema no instinto

da dor, e já li algumas vezes,

e ainda não entendi direito

o que eu quis dizer.


Enfim...


...Mesmo sendo minha poesia.

Taí eu, com medo do burro falante












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