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O devaneio às frivolidades essenciais

Atualizado: 1 de set. de 2020

O cantar dos pássaros, um belo Sol nascente, o perfume das flores, caminhar descalço na beira da praia, a brisa da fresca, as estações, um sorriso de uma criança,

mas como...


O samba de minhas quimeras


Meu sonho é só falar de flores, perfumes do campo.

Cantar sobre as gotas de orvalho, anunciando o verão.

Mas como se ando na rua e vejo aflito,

Os tantes que ainda se encontram

sem poder soltar de suas gargantas os gritos.


Meu sonho é só ter pra cantar sobre abraços e beijos.

Discorrer como é belo um sorriso no entardecer.

Mas como se noto quem não tem as minhas vantagens (Homem, Branco, Hétero)*

de poder andar por aí, sem medo de indesejável abordagem.


Eu posso até fazer-me desatento, pensar que a situação não é comigo.

Mas como vou querer felicidade? Notando que ela é pra poucos, nesse

mundo feito de desigualdades.


Eu posso até dizer "Nem é pra tanto"

Ou "Se farinha é pouca, meu pirão primeiro"

Mas como vou falar em altruísmo.

Se não buscar tratar meu egoísmo.


Se desço e sinto a brisa do mar no meu rosto.

Me vem o desejo cantar sobre aquele momento.

Mas logo me lembro da luta pela sobrevivência,

que muitos tem que enfrentar, por apenas viver a sua essência.


Eu posso até fazer-me desatento, pensar que a situação não é comigo.

Mas como vou querer felicidade? Notando que ela é pra poucos, nesse

mundo feito de desigualdades.


Eu posso até dizer "Nem é pra tanto"

Ou "Se farinha é pouca, meu pirão primeiro"

Mas como vou falar em altruísmo.

Se não buscar tratar meu egoísmo.


*Em asterísco os meu privilégios, não necessariamente os seus, ou você os tem.


Ps. Pelo modo como desenrolo, gostaria de frisar que falo de meus sentimentos e pensamentos, no quanto não consigo mais dar um passo atrás em como vejo o mundo e o ser humano, e minha urgência em falar, não somente sobre minhas angústias, como também daqueles que por muitas vezes nem se quer podem.

Mas não quero fazer Juízo, criticar e muito menos diminuir a importância de uma poesia/verso/prosa, sobre as belezas da natureza e/ou humanidades.

Cada qual, no seu cada qual.


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